Trajetória da haitiana Nadine Taleis marca solenidade de entrega de carteiras na Seccional

A solenidade de entrega de carteiras da Seccional realizada nesta sexta-feira (7) foi marcada pela presença de Nadine Taleis, uma mulher negra, refugiada haitiana, pessoa com deficiência visual, que chegou ao Brasil em 2013, escapando dos conflitos e das difíceis condições sociais que seu país enfrentava.  Para chegar em solo brasileiro, Nadine, que já havia saído do Haiti para a República Dominicana e de lá para o Equador, viajou de ônibus até a fronteira do Brasil com o Peru – rota percorrida por muitos estrangeiros que buscavam o Brasil.

Ao ingressar no país, porém, chocou-se com as dificuldades impostas aos recém-chegados, sobretudo, no Acre. Nadine dividiu com outras 1.300 pessoas um ginásio com dois banheiros que comportava não mais do que 200. A situação de Nadine começou a mudar quando um funcionário do abrigo lhe pôs em contato com parentes que viviam no Distrito Federal. O casal Carlos e Loide Wanderley acolheu a haitiana, que era órfã desde muito jovem, e passou a ser tratado por ela como pai e mãe.

Foi com o dinheiro que sua mãe brasileira lhe dava para comer e alugar uma quitinete que Nadine pagou as primeiras mensalidades do curso de Direito da Faculdade Mauá, em Vicente Pires. Logo, porém, a direção da faculdade se impressionou com a história de vida da haitiana e resolveu lhe oferecer uma bolsa integral, além de um estágio na própria instituição.

Hoje, em meio a 71 novas advogadas e advogados, Nadine veio à Seccional prestar compromisso e receber sua Carteira da Ordem. Como oradora da Turma, ela destacou a importância deste momento em sua trajetória. “Hoje estamos aqui prestando compromisso para representar não apenas o cliente, mas a lei, porque somos responsáveis pela administração da justiça. O direito é uma paixão e sei que por meio dele todos nós vamos chegar longe. Não posso deixar de falar dos meus amigos e amigas, pessoas com deficiência, em que não precisamos que nada nos seja dado, mas nos seja permitido lutar e ocuparem os espaços que também devem ser nossos.”

O paraninfo Severino Cajazeiras ressaltou a importância de cada advogada e advogado para a construção de uma advocacia mais forte e unida. “Podemos construir um mundo melhor por meio de nossa profissão. Não podemos achar que o colega que está no outro lado da mesa é um inimigo. Abracem os colegas e acolham todos. Nós somos responsáveis por uma profissão melhor. Nunca façam do seu cargo uma arma, sempre tratem as pessoas ao seu lado com respeito. Nós vivemos em um país em que impera a liberdade de expressão, de modo que episódios como o do advogado Cristiano Acioli não podem acontecer. Esses abusos devem ser combatidos nos outros e em nós mesmos. Temos que ser exemplo”.

O presidente da OAB/DF, Juliano Costa Couto, reforçou a necessidade de uma advocacia cada vez mais ativa. “O compromisso de vocês é com a democracia e não podem ficar silentes diante das injustiças com que eventualmente se depararem. Façam a OAB uma instituição forte, pois esta é a casa de vocês. Façam-se presentes sempre e participem ativamente enquanto membros de uma entidade tão importante e acolhedora”.

Diretor tesoureiro, Antônio Alves; corregedor geral, Erik Bezerra; a diretora do CAADF, Daniela Ferreto; a conselheira, Ildecer Amorim; a conselheira, Marília Bambrila; o presidente da 10ª turma do TED, Cleider Rodrigues; o conselheiro, Divaldo Theophilo; o vice-presidente da Comissão de Prerrogativas, Fernando de Assis; o conselheiro, Silvestre Rodrigues; o presidente da Subseção de Ceilândia, Edmilson Menezes; o ex-conselheiro, Délio Lins; o ex-conselheiro, Magela Carvalho; a advogada, Michelle Castro; a presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos dos Idosos, Karla Sousa; a vice-presidenta da Comissão do Direito Previdenciário, Karla Carvalho; a vice-presidenta da Comissão de Seleção, Laura Maria Costa; o membro da Comissão de Mediação, Alessandra Miranda; o advogado, Adeilson dos Santos; o advogado, Sebastião Batista e o advogado, César Marinho.